Você dá a vida, ama, alimenta, cria, se sacrifica, chora, ama mais, luta para que ele tenha e seja o melhor possível...Um belo dia, vem um canalha e se aproveita da inocência das nossas crianças.
Meu menino tem 14 anos e está no último ano do Ensino Fundamental. Tem planos de ir para o ETEC ano que vem. Eu e meu marido, querendo ou não, teremos que deixá-lo voar, sair do ninho. Para isso, estávamos treinando, aos poucos, uma vez por semana, deixá-lo ir para a escola a pé com outros estudantes para desenvolver maior autonomia e responsabilidade.
Há tempos ele vem reclamando que é um dos mais velhos da perua (transporte escolar), que os colegas ficam "zoando", enfim, tentando "colocar as asinhas de fora".
Hoje nós deixamos ele ir, acompanhado de um amigo, para a escola a pé. Dispensei o "tio da perua" e cerca de 40 minutos depois, eles bateram no portão de casa chorando, muito suados e nervosos. Foram assaltados e intimidados por um drogado.
Por sorte levaram um celular velho e mais sete reais (creio que ele não vai esquecer por muito tempo). Agradeci a Deus por receber a notícia da boca do meu filho vivo! Tem mães que não tiveram a mesma "sorte" como aconteceu com o Victor Hugo Deppman e dezenas de outros que se foram.
Meu marido ficou louco, mas terá que compreender que o risco existe e não poderemos protegê-lo para sempre, é difícil porque o primeiro ímpeto (manifestação súbita e violenta) é fazer justiça com as próprias mãos.
Agora eles estão aqui na minha sala jogando vídeo game. Tomaram suco de maracujá, comeram um chocolate, já estão mais calmos. Daqui a pouco vão comer um pastel ali na esquina, quero evitar que sintam medo de sair na rua novamente. Deixa o medo comigo, eles precisam viver.
É isso! O relato de uma mãe que compreendeu a necessidade de agradecer a presença de seu filho todos os dias.
Mariana.